Nos últimos anos tem se tornado cada vez mais comum a procura pela harmonização facial, fato amplamente comprovado em veículos de comunicação e também em redes sociais de famosos e anônimos. Tal divulgação inclui casos satisfatórios e outros desastrosos.
Mas a que podemos atribuir essa busca incessante por um padrão de beleza? E quais critérios devem ser analisados antes da decisão por esse procedimento?
Para responder aos questionamentos entrevistamos o cirurgião plástico e membro Titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), Dr Daniel Sundfeld Spiga Real. Ele atribui o aumento na procura por harmonização facial exatamente à grande divulgação na mídia e pela procura por figuras públicas, como cantores, atores e influencers digitais. “Sem dúvida, o uso de aplicativos de redes sociais, a utilização de selfies e a maior exposição da face nos vídeos das redes sociais têm contribuído de forma significativa para esse fenômeno”, opina.
Segundo o cirurgião plástico, quem mais procura por tais procedimentos são mulheres jovens, embora esteja havendo um aumento de demanda nos homens jovens. “Primeiramente há que se definir o termo ‘harmonização facial’, pois essa prática sempre foi realizada pelos cirurgiões plásticos e dermatologistas. No entanto, a denominação passou a ser utilizada para a venda do procedimento, inclusive pelas franquias de clínicas de estética”.
Dr Daniel Sundfeld explica que a utilização de preenchedores, volumizadores, bloqueadores musculares, fios absorvíveis e outros devem seguir um plano terapêutico definido após uma consulta médica, com realização dos diagnósticos do paciente. “Não existem fórmulas mágicas ou tampouco receitas que possam ser utilizadas em todas as pessoas. O paciente é único e seu tratamento deve ser individualizado, tendo como arquétipo suas queixas e diagnósticos obtidos em consulta”, alerta.
Ainda de acordo com o cirurgião plástico, profissionais não médicos que fazem harmonização facial estão infringindo impedimento legal, pois normas de conselhos de classe nunca se sobrepõem à uma lei. Sendo assim, biomédicos, farmacêuticos, enfermeiros e odontólogos não possuem respaldo legal e nem técnico para realizar tais procedimentos, porém se aproveitam da pouca fiscalização para realizarem atos exclusivos da medicina.
“Ao optar por esse procedimento é fundamental procurar um cirurgião plástico ou dermatologista, legalmente habilitado para a referida realização. Em seguida pesquise se o profissional possui título de especialista registrado no Conselho Regional de Medicina. Outras orientações importantes são: sempre passe em consulta para o correto diagnóstico e proposição do tratamento; solicite ao profissional os dados dos produtos que serão aplicados, incluindo data de fabricação, validade, marca e código de rastreabilidade; verifique se o local possui licença da autoridade sanitária local e alvará de funcionamento”, enumera.
Por fim, Dr Daniel Sundfeld Spiga Real afirma que tais medidas são essenciais, pois existem diversas complicações do uso inadequado dos produtos utilizados para a harmonização facial, como necrose de tecido, embolização arterial com cegueira, lesão de nervos, reações anafiláticas e infecções graves, entre outros. “Sem dúvida, a atenção redobrada antes do procedimento minimiza bastante os riscos”, completa Dr Daniel Sundfeld Spiga Real.
Equilíbrio emocional – A psicóloga clínica Carla Fernanda Simão também acredita que as mídias sociais vêm contribuindo bastante para o aumento na procura pela harmonização facial. “Muitas vezes incentivadas por artistas, essas pessoas acabam buscando padrões de beleza inalcançáveis. É comum que essa busca por procedimentos estéticos seja, na verdade, uma busca pelo equilíbrio emocional, pelo gostar de si mesmo”, salienta.
Para Carla Simão, essa desejada autoestima não tem muito a ver com a aparência. “É muito importante a gente se cuidar, praticar exercícios físicos, manter uma alimentação equilibrada e fazer procedimentos estéticos quando julgar necessário. Mas o que é saudável pode se tornar patológico, quando isso foge do controle e se torna prioridade”.
Por esse motivo, a psicóloga fala sobre a importância de refletir sobre os reais motivos para realizar esse tipo de procedimentos, questionando a relação que mantemos com nós mesmos e com os outros. “Considero imprescindível que a pessoa, junto com seu médico, avalie essa necessidade e as expectativas com relação aos resultados. Essa atitude evitará eventuais problemas e frustrações”, conclui Carla Fernanda Simão.
Fonte: Vanessa Ronquim Comunicação (MTB: 46721)
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