O último levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), realizado em 2018, aponta que o Brasil realiza aproximadamente 1,5 milhão de cirurgias plásticas por ano. Com isso, o país ocupa a segunda colocação nesse quesito, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Paralelo a isso, uma pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), revela que cerca de 30% dos pacientes são rejeitados por cirurgiões plásticos por não terem expectativas reais.
De acordo com Dr. Daniel Sundfeld Spiga Real, cirurgião plástico e Membro Titular da SBCP, os dados apresentados refletem a realidade. “Pacientes influenciados pelos filtros de aplicativos de celular buscam por procedimentos milagrosos, com expectativas tecnicamente impossíveis de serem alcançadas. Eles buscam os procedimentos sem adequadas condições físicas e psicológicas”, relata.
Dr. Daniel Sundfeld atribui esse fenômeno à influência das redes sociais na vida da população e à mercantilização da medicina, ou seja, profissionais que vendem procedimentos como se fossem produtos. “As expectativas irreais sobre os resultados de cirurgias plásticas aumentaram significativamente após vários colegas cirurgiões plásticos começarem a veicular em suas redes sociais vídeos muito bem editados, com jogo de iluminação e aplicativos de filtros, demonstrando “antes x depois” de procedimentos. Além de ser uma conduta altamente prejudicial aos pacientes, é proibida pelo Conselho Federal de Medicina e pelo estatuto da SBCP”, alerta.
“Cabe ao cirurgião plástico explicar ao paciente, com base em evidências científicas atualizadas, se aquilo que ele busca tem, de fato, indicação médica com vistas a proporcionar benefícios à saúde. Nos casos em que os pacientes demonstrem dificuldade em compreender que o procedimento não é indicado ou que as expectativas não correspondam à realidade, outros profissionais que compõem a equipe de saúde, como por exemplo psicólogos e psiquiatras, podem ser acionados. O trabalho interprofissional é a base de um atendimento holístico e humanizado", menciona.
Por fim, Dr. Daniel Sundfeld ressalta que dentre os perigos da realização de procedimentos sem indicação ou com expectativas irreais estão complicações operatórias e maiores chances de processos judiciais por insatisfação do paciente. “Antes de decidir por uma cirurgia plástica é imprescindível avaliar se tal interesse é realmente por uma queixa pessoal e não por influência externa. Outro ponto essencial é a pesquisa detalhada sobre o profissional, incluindo sua formação e títulos, possíveis processos judiciais e se possui registro de qualificação no CRM. As redes sociais do referido médico também devem ser verificadas com atenção, pois permitem constatar eventuais atos antiéticos, como promessas de resultados, divulgação de tratamentos milagrosos ou fotos e vídeos de antes x depois”, completa.
Fonte: Vanessa Ronquim Comunicação (MTB: 46721)
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